domingo, 6 de março de 2011

AIDS x EXERCÍCIO FÍSICO E QUALIDADE DE VIDA




A síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA; AIDS) é a manifestação clínica avançada de­corrente de um quadro de imunodeficiência causado pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH, HIV), que é transmitido pelas vias sexual, parenteral ou vertical. O HIV dife­rencia-se em tipos 1 e 2, sendo que o HIV-1 é o mais patogênico e o mais prevalente no mundo e o HIV-2 é endêmico na África Ocidental, disseminando-se pela Ásia. (Lazzarotto, 2010 apud Parham, 2000).

A principal característica dessa infecção é a imunopressão progressiva, que aumenta a chance do indivíduo desenvolver doenças oportunistas que quando não tratadas, podem levar o infectado ao óbito.

No Brasil, existem aproximadamente 362 mil casos e, atualmente, a SIDA encontra-se em processo de estabilização, embora em patamares elevados. Os dados de 2003 registraram nos homens a incidência de 23 casos/100 mil e, nas mulheres, 14 casos/100 mil. (Deresz et al, 2007).

Segundo Navarro et al (2007, apud Boletim Epidemiológico) – AIDS e DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis) de janeiro a junho de 2005, do Programa de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, foram registrados desde 1980 a 2004, 171.923 óbitos por AIDS no Brasil, chegando a uma taxa de mortalidade em 2004 de 6,1 por 100.000 habitantes.

Mesmo com o surgimento de medidas efetivas de controle da doença, a AIDS continua se expandindo a cada dia. Entre estas medidas podemos destacar a facilidade de acesso ao diagnóstico, informação e o controle da qualidade do sangue hoje disponível para o tratamento da população.

Observa-se que além das próprias complicações ocasionadas pelo HIV, existem outras decorrentes do próprio tratamento. Pacientes com adesão ao tratamento com terapias antiretrovirais apresentam alterações metabólicas importantes como dislipidemias, tolerância alterada à glicose, resistência à insulina, acidose láctica, osteopenia, osteoporose, necrose avascular (Barros et al, 2007 apud Tershakovec, 2004).

Com o surgimento do HAART (terapia antiretroviral de alta potência) houve uma redução drástica dos casos de morte por AIDS. Ao mesmo tempo observaram-se, efeitos colaterais desta terapia, dentre eles a lipodistrofia.
Segundo o Manual clínico de alimentação e nutrição na assistência a adultos infectados pelo HIV da Secretaria de Vigilância em Saúde (2006), a síndrome da lipodistrofia é caracterizada por alterações na distribuição da gordura corporal, onde se observa lipoatrofia na face e membros (inferiores e superiores), acompanhada de acúmulo de gordura central (abdome, mamas e giba). 
Como a síndrome da lipodistrofia é um evento recente, ainda não há manejo clínico padronizado. Entretanto, várias recomendações gerais para a manutenção da saúde, parecem ter efeito bastante positivo, são elas: alimentação saudável, adesão ao tratamento como um todo, prática de exercícios físicos regulares, além de cuidados com a saúde emocional, em especial, os estados de desânimo e depressão (Ministério da Saúde, 2006).

Diante desse quadro, o exercício físico tem se reportado como um importante agente aprimorados da capacidade cardiorrespiratória, da força, do controle metabólico da insulina, do colesterol e do estado psicológico. (Palermo e Feijó, 2003 apud ACSM, 2003; Lea e Febiger, 1991).

Foram verificados resultados interessantes em alguns estudos (Dresz et al, 2007 apud Terry et al, 2006) em relação ao condicionamento aeróbio, evidenciando que o descondicionamento aeróbio relatado em indivíduos HIV positivos pode ser revertido com o treinamento aeróbio. Tratando-se do treinamento de força encontrados aumentos significativos na força, circunferências, massa livre de gordura e estado funcional quando comparados com o grupo controle. Considerando as alterações apresentadas no perfil lipídico, os resultados ainda são controversos, porém, foram encontrados resultados significativos quando avaliada a gordura corporal total, com reduções mais importantes na região do tronco.

Há indícios de que o exercício regular pode aumentar a funcionalidade do sistema imunológico, embora o exercício físico realizado de forma excessiva possa diminuir a imunidade (Eidam et al, 2005 apud Goleman e Gorin, 1997). Portanto, o exercício físico deve ser elaborado de forma criteriosa, respeitando os princípios da individualidade e as limitações que o portador do vírus se encontra.

A importância da atividade física não se faz apenas pelos benefícios funcionais e estéticos, devemos destacar que o aspecto psicológico é beneficiado com a diminuição do nível de estresse, ansiedade e depressão. Fatores que são fundamentais para a adesão de tratamento das pessoas infectadas pelo vírus da AIDS que sofrem com sérios distúrbios emocionais. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual clínico de alimentação e nutrição na assistência a adultos infectados pelo HIV - Secretaria de Vigilância em Saúde, Programa Nacional de DST/Aids. – Brasília: Ministério da
Saúde, 2006.

PALARMO, P. C. G.; FEIJÓ, O. G. Exercício físico e infecção pelo HIV: atualização e recomendações. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício • Vol. 2 • nº. 3 • Set / Dez 2003

EIDAM, C.L.; LOPES, A.S.; OLIVEIRA, O.V. Prescrição de Exercícios Físicos para Portadores do Vírus HIV. Revista. Brasileira de Ciência e Movimento. Vol. 13 n.3. p 81-88. 2005

DERESZ, L. F. et alii.  O estresse oxidativo e o exercício físico em indivíduos HIV positivo. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol. 13, Nº. 4. Jul/Ago, 2007

BITTENCOURT, G. et alii. O efeito do exercício físico agudo e crônico na resposta imunológica de indivíduos portadores do HIV. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício. São Paulo. v.1, n.4, p01-16. Julho/Agosto 2007.

ARAÚJO, A. B. et alii. Influencia da alimentação na lipodistrofia em portadores de HIV/AIDS praticantes de atividade física regular. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v 1, n 2, p. 13-18, Mar/Abr, 2007.

LAZZAROTTO, A. R; DERESZ, L. F; SPRINZ, E. HIV/AIDS e Treinamento Concorrente: a Revisão Sistemática. Revista Brasileira de Medicina do Esporte – v.16, n.2 – Mar/Abr, 2010.



Profº Carlos André Barros de Souza
CREF 081728-G/SP
Professor de Educação Física (FEFIS)
Graduando em Fisioterapia (UNILUS)
Email: c.andrefisio@yahoo.com.br

4 comentários:

  1. Obrigado por nos acompanhar e dar sua opinião Querida. Sua opinião é sempre muito bem vinda! [EQUIPE CORPO EM MOVIMENTO]

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  2. Muito legal blog. Parabens pelos conteúdos!

    Gabriel Baú
    CREF 016911-G/BR.

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  3. Achei o texto super interessante !


    Parabéns

    www.paporosa.com.br

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