domingo, 26 de junho de 2011

TIPOS DE CONTRAÇÃO MUSCULAR E SUA APLICABILIDADE CLÍNICA

A fisioterapia está entre uma das formas não farmacológicas que envolvem terapia física local, reabilitação e exercícios. No campo da medicina, a contração muscular tem sido testada a fim de avaliar a função muscular, fornecer valores normativos para populações saudáveis, avaliar resultados de procedimentos cirúrgicos ou terapêuticos, ou ainda, para estimar o risco de lesões ou problemas de saúde (Tomazini et al, 2007 apud Vanwilgen et al, 2003).
Existem três tipos de contração muscular que fazem parte de qualquer tratamento e avaliação dentro da fisioterapia: isométrica, isotônica e isocinética.

A contração muscular isotônica é testada quando se move um objeto de resistência, tal como um peso, de modo que a contração muscular ocorre em toda a amplitude do movimento articular (Chiappa et al, 2002). Uma contração isotônica pode ser subdividida em contrações concêntricas e excêntricas (Lippert, 2008).
·      Contração concêntrica é o termo utilizado para descrever o tipo de contração na qual há encurtamento de um músculo. Ao contrair o músculo, aproxima sua origem e inserção.
·      Contração excêntrica descreve o tipo de contração muscular na qual há aumento do comprimento do músculo. Ao contrair, origem e inserção afastam e o músculo estende. Esse tipo de contração pode produzir forças muito maiores do que a contração concêntrica.

Uma forma de se trabalhar com esse tipo de contração na reabilitação é a pliometria. Apesar de ser um método de exercícios muito utilizado no esporte, o treinamento pliométrico também vem sendo utilizado na reabilitação física de pessoas acometidas por lesões que prejudicam a marcha (Fleck e Kraemer, 2006).Os exercícios pliométricos podem ser definidos como aqueles que ativam o ciclo excêntrico – concêntrico do músculo, aumentando assim sua potencia elástica e mecânica (Moura e Moura, 2001).
Segundo Landwehr et al (2011), a finalidade dos exercícios pliométricos para a reabilitação física, além do aumento da força, seria a melhoria da reatividade muscular através da facilitação do reflexo miotático, da dessensibilização dos
Órgãos tendinosos de golgi e da coordenação intra e extra articular.
Analisando os efeitos desses exercícios, acredita-se que estes podem ser benéficos na prevenção de lesões e também na reabilitação, principalmente de atletas (Brandalize e Rossi, 2006 apud Hillbom, 2005).
Existe uma grande variedade de exercícios pliométricos e eles devem ser aplicados de acordo com a necessidade de cada paciente. Os principais exercícios para membros inferiores são os saltos no lugar, saltos com mudança de direção ou saltos em profundidade que requerem experiência.
Para os membros superiores são utilizados medicine balls de diferentes graduações de peso, elásticos ou push up na parede ou solo.

A contração muscular isocinética é ação muscular onde a velocidade angular é constante durante toda a amplitude do movimento. Só é possível em aparelhos especiais os dinamômetros isocinéticos (Guedes Jr., 2006).   No início do movimento, acontece a aceleração do movimento a partir de zero grau por segundo até que a velocidade programada seja alcançada (Fleck e Kraemer, 2006).
Segundo Lippert (2008), os exercícios isocinéticos podem alterar ou ajustar a quantidade de resistência oferecida através da amplitude do movimento, enquanto uma contração isotônica não pode.
Além da avaliação, este equipamento tem sido utilizado também na reabilitação, como método de fortalecimento e condicionamento muscular.  No tratamento fisioterapêutico o exercício isocinético é indicado para a fase de transição desde a obtenção da força muscular normal até que se atinja a força muscular total do paciente (Biasoli, 2007).


Segundo Lippert (2008) uma contração isométrica ocorre quando o músculo se contrai, produzindo mais força sem mudar seu comprimento. Refere-se à ação muscular durante a qual não ocorre nenhuma alteração no comprimento total do músculo (Fleck e Kraemer, 2006).
Stadnick e Aguiar Jr. 2003 (apud Chamlian 1999) citam a realização de exercícios isométricos na musculatura acometida como sendo uma técnica utilizada amplamente na fase de imobilização de uma fratura.
Pavezi (2008) aponta os exercícios isométricos como uma das formas de tratamento fisioterápico durante a imobilização após cirurgia de fêmur, neste caso é recomendável que o paciente evite movimentos de rotação de quadril por uns dias após a cirurgia, realizando assim somente os exercícios isometricos.
Stadnick e Aguiar Jr. (2003), realizaram um estudo onde foi avaliada a aplicação de isometria em pacientes com fratura de fêmur ou tíbia. Os exercícios isométricos foram usados na fase inicial da reabilitação, não oferecendo perigo de aumentar a irritação da articulação, visto que esta se mantém imóvel. As vantagens desta técnica são:

·      Aumentam a força muscular estática;
·      Contribuem para evitar a atrofia;
·    Ajudam a diminuir o edema (os músculos funcionam como bomba que colaboram na remoção do líquido);
·     Previnem a dissociação nervosa graças às contrações musculares, as quais estimulam o sistema mecanorreceptor de tecido vizinhos;
·      Podem ser realizados em qualquer lugar; dispensam equipamentos especiais;
·      Podem ser realizados durante breves períodos de tempo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIASOLI, M. C. Tratamento fisioterápico na terceira idade. Revista Brasileira de Medicina, v. 64 - nov/2007

CHIAPPA, G. R. S. Investigação da aptidão física de pacientes diabéticos não-insulinodependentes. Revista Kinesis, Santa Maria, N° 26, p. 36-166, Maio de 2002.

CORTEZ, P. J. O.  Protocolos de avaliação da força muscular isométrica. XII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VIII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba. 2008.

FLECK, S. J; KRAEMER, W. J. Fundamento do treinamento de força muscular. 3 ed, Artmed, 2006.

LANDWEHR, R. et al. Treinamento pliométrico. Revista Digital. Buenos Aires, nº 152, jan/2011. Disponível em <http://www.efdeportes.com/>. Acesso em 19 de jan/2011.

LIPPERT, L. S. Cinesiologia clínica e anatomia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

MOURA, N. A; MOURA, T. F. P. Princípios do Treinamento para Saltadores: Implicações para o Desenvolvimento da Força Muscular. I Congresso Sul-americano de treinadores de Atletismo. Manaus, 2001.

PAVEZI, V. Tipos de fraturas e cirurgias de fêmur. 2008. Disponível em: <http://www.capscursos.com.br/docs/Seminario%20Tipos%20de%20cirurg.%20femurVanessa%20Pavezi_certo.pdf>. Acesso em 18 jun/2011.

ROSSI, L. P.; Brandalize, M. Pliometria aplicada à reabilitação de atletas. Revista Salus-Guarapuava-PR. jan./jun. 2007.

STADNICK, E. ; AGUIAR JÚNIOR, A. S. Efeito do exercício isométrico no período de redução fechada por tração esquelética balanceada em fraturas diafisárias de fêmur e tíbia. Santa Catarina, 2002.


Profº Carlos André Barros de Souza
CREF 081728-G/SP

Professor de Educação Física (FEFIS)
Graduando em Fisioterapia (UNILUS)
Email: c.andrefisio@yahoo.com.br




Profª Cristiane dos Santos
CREF 090370-G/SP

Professora de Educação Física, formada pela Universidade Santa Cecilia.
Email: cristiane.santos08@gmail.com

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