domingo, 8 de maio de 2011

ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA NA GESTAÇÃO


A mulher durante a gestação passa por diversas adaptações fisiológicas para que seu corpo torne-se um ambiente ideal para o feto. Seu útero cresce por volta de 1000 vezes em relação ao tamanho normal, o coração amplia, suas veias tornam-se mais flexíveis para permitir o aumento do fluxo sangüíneo (Hanlon, 1999)
Outras adaptações:

  • A taxa metabólica aumenta em 10-25%, de modo que o corpo acelera todas as suas funções.
  • Aumento do debito cardíaco.
  • Os ligamentos inclusive da pelve e dos quadris, ficam distendidos, o que pode causar desconforto ao caminhar.
  • Podem ocorrer dores nas costas, causadas pela mudança do centro de gravidade do corpo e por um ligeiro relaxamento das articulações pélvicas
Diante de todas essas mudanças a prática de exercícios físicos traz muitos benefícios para a futura mamãe e o bebê em desenvolvimento.
Com a realização de exercícios corretos, o corpo libera a endorfina, um hormônio que alivia os sintomas do estresse, equilibra o humor que sobe e desce com freqüência na gravidez e diminui significativamente as dores que, às vezes, a gestante sente (Rodrigues, 2008).
Os benefícios da prática de atividades físicas durante a gestação são diversos e atingem diferentes áreas do organismo materno. O exercício físico contribui para adaptação da postura, em função da expansão do útero na cavidade abdominal ocorre o desvio do centro gravitacional (Batista, 2003). Sabe-se que a atividade cardiovascular durante a gestação se eleva comparada ao período não gestacional. No entanto, com a prática regular de exercícios físicos reduz-se esse estresse cardiovascular, o que se reflete, especialmente, em freqüências cardíacas mais baixas, maior volume sangüíneo em circulação, maior capacidade de oxigenação, menor pressão arterial, prevenção de trombose e varizes, e redução do risco de diabetes gestacional (Batista, 2003) Devido a tais alterações, as questões importantes a serem observadas em respeito da influência do exercício físico sobre a gestação e sua evolução. Como as necessidades metabólicas da gravidez provocam muitas alterações no estado fisiológico de repouso, é particularmente importante que reconheçamos se o estresse adicional do exercício induz ajustes que possam exceder o limite de segurança da gestante e do feto.
Segundo Noira, 2010 “Não existem recomendações padronizadas de atividade físicas durante a gestação. No entanto, frente à ausência de complicações obstetrícias, recomenda-se que a atividade física desenvolvida durante a gestação tenha por característica exercícios de intensidade regular e moderada, com o programa voltado para o período gestacional em que se encontra a mulher, com as atividades centradas nas condições de saúde da gestante, na experiência em praticar exercícios físicos, na demonstração de interesse e necessidade da mesma.” Atividades no meio aquático são cada vez mais recomendadas pelos médicos para as gestantes.
Silva (2004) afirma que exercícios na água ajudam a gestante a melhorar a termorregulação; aumentam a diurese, diminuindo os edemas; diminuem o ritmo cardíaco e pressão arterial materna, bem como a intensidade de dores nas costas e região lombar, proporcionadas pelo efeito relaxante da água.
Para Batista, 2003 apud Katz, 1996 a natação é a mais recomendada para a gestante, devido à propriedade inerente do corpo na água, isto é, a flutuabilidade. A atividade física na água é benéfica para os joelhos e geralmente é mais relaxante que outros tipos de exercícios, especialmente os exercícios de força como a musculação. A natação reduz ainda a freqüência de edema que é um efeito comum na gestação, porém desconfortável. O efeito da água fria sobre o corpo serve também como termorregulador, proporcionando ao feto a possibilidade de maior estabilidade frente à elevação de temperatura e a subseqüente diminuição do suprimento de sangue. A temperatura ideal da água deve ficar entre 28ºC e 30ºC. (Santos, 2006)
A musculação é muito discutida por vários autores, por ser pouco pesquisada pela ciência. Vale lembrar que musculação é “qualquer tipo de trabalho visando o fortalecimento muscular. (Santos, 2006)
Antes do início da atividade física, por qualquer que seja a modalidade escolhida, é muito importante que a gestante procure um médico, seja ela sedentária ou não, e que este a libere para a atividade. A orientação de um educador físico é muito importante também para que a atividade seja feita com segurança pela gestante.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Santos, A. P. C; Manzzo, I. S. Os benefícios da atividade física durante a gestação. 2006

Batista, D. C; Chiara, V. L; Gugelmin, S. A; Martins, P. D; Atividade física e gestação: saúde da gestante não atleta e crescimento fetal. Revista Brasileira Saúde Materna e Infantil. Recife, abr. / jun., 2003

SILVA, D. C. S. Alterações Fisiológicas em Gestantes durante a Atividade Motora no Meio Líquido. 2004. Disponível em www.educacaofisica.com.br Acesso em 07/05/2011.

NOIRA, G. Programas Especiais NB FIT—Science GESTANTES. Ultima atualização. abr/2010.

RODRIGUES, B. Malhação para as gestantes: uma gravidez mais saudável. 2008. Disponível em: www.guiadobebe.uol.com.br. Acesso em: 07/05/2011.



Profª Cristiane dos Santos

Professora de Educação Física, formada pela Universidade Santa Cecilia.
Email: cristiane.santos08@gmail.com

quarta-feira, 4 de maio de 2011

TREINAMENTO DE FORÇA COMO INTERVENÇÃO CONSERVADORA DA HÉRNIA DISCAL



A hérnia de disco é uma patologia freqüente na coluna lombar e acomete estruturas articulares alterando o funcionamento biomecânico da região e das propriedades naturais dos tecidos adjacentes (Pires, 2008).
Segundo Wetler et al, 2004 (apud Cecin, 2000) a hérnia de disco consiste na migração do núcleo pulposo com fragmento do anel para fora de seus limites funcionais, podendo ser:

  • Protusas, quando a base de implantação sobre o disco de origem é mais larga que qualquer outro diâmetro.
  • Extrusas, quando a base de implantação sobre o disco de origem é menor que algum dos seus outros diâmetros ou quando houver perda no contato do fragmento com o disco.
  • Seqüestradas, quando um fragmento migra dentro do canal, para cima, para baixo ou para o interior do forâmen.


Estudos epidemiológicos demonstram que cerca de 50% a 90% de indivíduos adultos apresentam quadros de dor na coluna vertebral em especial na região lombar (lombalgia) em algum momento de suas vidas, sendo a principal causa de incapacidade em sujeitos com menos de 45 anos de idade (Souza Jr., 2008).
A ocorrência principal de hérnias de disco se dá, geralmente, nas regiões cervical e lombar. A causa principal que leva a essa discopatia são os distúrbios posturais estáticos e dinâmicos, principalmente associados às atenuações ou às acentuações das curvaturas anatomofisiológicas da coluna (Teixeira e Guedes jr., 2010; Alves, 2010).  Bulhões et al, 2007 (apud Tulum e Acar 2005) citam como outro fator de risco para o desenvolvimento da degeneração do disco intervertebral a ausência da prática de exercícios físicos regulares.
As intervenções conservadoras da hérnia de disco têm sido indicadas como a primeira opção que pode incluir o uso de fármacos, uso de órteses, acupuntura, repouso relativo e adoção de um programa de exercícios físicos adequados. O procedimento cirúrgico é outra opção disponível para o tratamento da hérnia de disco, embora sua indicação ocorra quando o curso natural do processo em questão segue uma piora significativa após o uso de medidas não agressivas
Teixeira e Guedes Jr. 2010; Alves, 2010 (apud Simão 2007) afirmam que os “problemas nas costas” podem ser minimizados com exercícios que fortaleçam os músculos abdominais e a musculatura do dorso.
Em um estudo recente foi analisado os efeitos de um programa de treinamento de força no tratamento da hérnia de disco cervical. A intervenção consistiu em exercícios de resistência de força para a musculatura flexora lateral e extensora do pescoço associados ao alongamento da musculatura flexora. Ao final, observou-se diminuição da dor, o que possibilitou uma maior autonomia funcional das pessoas Teixeira e Guedes jr., 2010; Alves, 2010 (apud Mussi e Almeida, 2006).
O uso de exercícios para o tratamento de lombalgias e discopatias resulta em maior eficiência na reabilitação, com enfoque na variação da freqüência, duração e intensidade dos exercícios Torma et al, 2007 (apud Polito et al, 2003).
É comum o profissional da educação física encontrar no seu ambiente de trabalho indivíduos com disfunções da coluna vertebral, necessitando de conhecimentos específicos para prescrição de exercícios seguros e efetivos nesse publico.
O que deve ser levado em consideração é que pessoas com hérnia de disco assim como outras disfunções na coluna vertebral apresentam limitações o que exige um acompanhamento individualizado.
Os exercícios resistidos são seguros desde que bem orientados, pois a posição corporal, as cargas e as amplitudes podem ser adequadamente adaptadas em função de qualquer limitação Souza Jr., 2008 (apud Santarém, 2006).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bulhões, J. R. Irineu, T. P. Masini, M. Eficiência dos métodos fisioterapêuticos de reabilitação no pós-operatório de hérnia de disco lombar

PIRES, E. G. Condutas terapêuticas na hérnia de disco lombar, 2008.

SOUZA JUNIOR, S. L. P. Atividade física em indivíduos acometidos por lesões degenerativas da coluna vertebral. Revista Digital - Buenos Aires. ano 13, nº 119, abri/2008.


TEIXEIRA, C.V.L.S.; GUEDES JR. D.P. Musculação: perguntas e respostas: as 50 duvidas mais freqüentes nas academias. São Paulo: Phorte Editora, 2010.

Torma, R. Ritzel, C. H. Vaz, M. A. Efeitos de um programa de treinamento de força para adultos portadores de hérnia de disco lombar. Laboratório de Pesquisa do Exercício - Lapex - Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS - POA - RS.

WETLER, E. C. B.; ROCHA JUNIOR, V. A.; BARROS, J. F. O tratamento conservador através da atividade física na hérnia de disco lombar. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd70/hernia.htm>. Acesso em: 30 abr. 2011.



Profº Carlos André Barros de Souza
CREF 081728-G/SP
Professor de Educação Física (FEFIS)
Graduando em Fisioterapia (UNILUS)
Email: c.andrefisio@yahoo.com.br

segunda-feira, 2 de maio de 2011

DOR MUSCULAR TARDIA



Todos os praticantes de atividade física e de esportes em geral, e até mesmos os indivíduos sedentários já passaram alguma vez na vida por um episódio de dor muscular tardia.  A Dor Muscular Tardia é caracterizada pela sensação de desconforto e/ou dor na musculatura esquelética que ocorre algumas horas após a prática da atividade física. A dor não se manifesta até, aproximadamente, oito horas após o exercício, aumentando progressivamente de intensidade nas primeiras 24 horas e alcançando o máximo de intensidade entre 24 e 72 horas. (Tricoli, 2001) Após esse período há um declínio progressivo da dor, de modo que de 5 a 7 dias após a carga de exercício ele desaparece completamente (TRICOLI, 2001; FOSCHINI, PRESTES, CHARRO, 2007), ela é relatada principalmente por praticantes iniciantes de treinamento de força. (FOSCHINI, PRESTES, CHARRO, 2007) Para que ocorra a DMT a intensidade da atividade física é mais importante do que sua duração.
Existem diversas teorias sobre os possíveis mecanismos do surgimento da DMT. Como por exemplo, retenção de líquidos nos tecidos ao redor das fibras musculares e alteração na concentração de cálcio intracelular. (Guedes, 2005), porém atualmente a mais estudada é a de que ocorrem microlesões nas miofibrilas seguida de inflamação resultando na dor. (NASCIMENTO et al, 2007) Os músculos lesionados têm como característica ficarem rígidos e sensíveis ao toque, a amplitude de movimento é reduzida, a capacidade de gerar força não é reduzida porem o aspecto psicológico da dor faz com que o individuo não consiga alcançar seu desempenho maximo. (NASCIMENTO et al, 2007).
Um estudo foi realizado com um grupo de 10 mulheres, no qual elas teriam que realizar uma seqüência de 300 contrações excêntricas (10 vezes de 30 repetições) envolvendo o quadríceps femoral. Tal exercício expôs às mulheres a dor muscular progressivo, atingindo o pico de DMT após 24 horas e um número expressivo de glóbulos brancos foi encontrado no grupo muscular exercitado, sugerindo uma inflamação aguda (TRICOLI, 2001).
Varias formas de tratamento já foram estudadas: a massagem, os alongamentos passivos e estáticos, acupuntura, e até mesmo o uso de antiinflamatórios. Nenhum desses teve sua eficiência comprovada. Alguns estudos apontam a crioterapia (tratamento com gelo) como uma nova estratégia para reduzir a DMT, uma modalidade de tratamento interessante e de fácil acesso na abordagem da inflamação gerada pelas microlesões musculares induzidas pelo exercício. O propósito da crioterapia é reduzir o processo inflamatório, o edema (inchaço), a formação de hematoma e também reduzir a dor.  (LAURINO, 2010)
Alguns autores sugerem que o exercício é a melhor terapia a ser utilizada no tratamento da DMT, seja reduzindo a intensidade e duração por 1 ou 2 dias ou alterando exercícios que visem outros grupos musculares menos afetados. (NASCIMENTO et al, 2007), entre todos os tratamentos este parece ser o mais recomendável, sendo sugerido para que não ocorra a perda do ritmo de treino, e ao mesmo tempo possa ocorrer a recuperação dos músculos afetados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FOSCHINI, D; PRESTES, J; CHARRO, M. A. Relação entre exercício físico, dano muscular e dor muscular de inicio tardio. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, São Paulo, 2007.

GUEDES, S. Dor Muscular Tardia. Belo Horizonte, 2005.

LAURINO, C. F. S. Efeitos da Crioterapia na dor muscular tardia. Núcleo de Estudos e Esportes em Ortopedia. Disponível em <http://www.neo.org.br/publico/inicio.php?do=busca>. Acesso em 30 de Abril de 2011.

NASCIMENTO, C. R. V et al. Dor Muscular Tardia: Etiologia e Tratamento. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.1, n.2, p 90-99, Mar/Abr 2007.

TRICOLI, v. Mecanismos envolvidos na etiologia da dor muscular tardia. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Brasília v. 9 n. 2 p. abr/2001.






Profª Cristiane dos Santos
CREF 090370-G/SP
Professora de Educação Física, formada pela Universidade Santa Cecilia.
Email: cristiane.santos08@gmail.com